Gênero, sexualidade e diferenças na educação:
desafios éticos em tempos de “doutrinação ideológica”
DOI:
https://doi.org/10.46661/relies.6185Palabras clave:
Gênero, Sexualidade, Diferenças;, EducaçãoResumen
A exemplo das mobilizações internacionais em torno da política antigênero, no Brasil - desde pelo menos 2014 - setores conservadores em concertação nacional alinharam-se de maneira a propor projetos de leis sobre a temática nas três esferas legislativas. Por meio de uma pesquisa etnográfica em Uruguaiana- RS/Brasil, acompanhamos os desdobramentos do Projeto de Lei Escola Sem Partido (PL 01/2017), a primeira ação de um novato vereador de perfil conservador, eleito com o maior número de votos daquele pleito. Um dos efeitos desta proposição legislativa foi a ampliação dos debates sobre o tema nas escolas públicas locais, assim como pela formação do corpo docente. Neste texto analisamos os dados oriundos de atividades formativas em grupos distintos de docentes, a fim de problematizar a produção de sentidos em torno da temática de gênero, sexualidade e diferenças. As situações etnográficas analisadas demonstram como questões sobre gênero e sexualidade no contexto educacional são atravessadas por convenções sociais e repertórios culturais, balizas da atuação docente no âmbito escolar. A reprodução de moralidades irrefletidas pelo corpo docente impõe um desafio à ética profissional. Por meio do aprofundamento teórico por parte dos docentes, acredita-se que haja a possibilidade de promover uma educação democrática e plural para a comunidade escolar.
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