Produção discursiva, norma e regulação na prostituição masculina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46661/relies.10306

Palavras-chave:

prostituição, prostituição masculina, pânico moral, sexualidade, gênero

Resumo

A prostituição exercida por homens é marcada por uma história de conflitos e tensões. Não por acaso, trata-se de um objeto de intenso escrutínio do ponto de vista religioso, estatal e científico. Articulando de forma singular questões de sexualidade, gênero e monetarização, foi classicamente um foco de investimento disciplinar, de controle e vigilância, demonstrando em seu percurso ser alvo de pânicos morais voltados a sua existência. Tendo em vista esse campo problemático, o presente estudo mapeia e discute discursos moralizantes atribuídos aos fazeres dos homens na prostituição. Por meio de um percurso empírico e de exemplos da história da prostituição entre homens, demonstra-se como ela foi foco de uma intensa classificação moral que, para além de tentar modular a existência dos sujeitos na prostituição, denotam espaços de disputa e exercício de poder.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Antunes, J L F. (1999). Medicina, leis e moral: pensamento médico e comportamento no Brasil (1870-1930). Editora da Unesp: São Paulo.

Augras, M. (1985). “Poder do desejo, ou desejo de poder?”. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 37(2), 106-109. https://periodicos.fgv.br/abp/article/view/19196.

Bimbi, D. (2007). Male prostitution: Pathology, paradigms and progress in research. Journal of Homosexuality, 53(1), 7–35. DOI: 10.1300/J082v53n01_02.

Castañeda, H. (2014). Migrant male sex workers in Germany. In: V. Minichello; J. Scott (eds.) Male Sex Work and Society. Harrington Park Press: New York. https://doi.org/10.17312/harringtonparkpress/2014.09.msws.016

Carrara, S. (2013). Discriminação, políticas e direitos sexuais no Brasil. In: S. Monteiro; W. Villela (org.) Estigma e saúde. Fiocruz: Rio de Janeiro. monteiro-9788575415344-11.pdf (scielo.org).

Chauncey, G. (1994). Gay New York: Gender, urban culture, and the making of the gay male world, 1890–1940. BasicBooks: New York.

Deleuze, G. (1976). Nietzsche e a filosofia. Editora Rio: Rio de Janeiro.

Engel, M. (1989). Meretrizes e Doutores: saber médico e prostituição no Rio de Janeiro (1840-1890). Editora Brasiliense: São Paulo.

Fassin, D. (2014). “Compaixão e Repressão: A Economia Moral das Políticas de Imigração na França”. Ponto Urbe. Tradução Gleicy Silva e Pedro Lopes. São Paulo, 15(1), 1-22. https://doi.org/10.4000/pontourbe.2467.

Federici, S. (2017). Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. Editora Elefante: São Paulo.

Ferguson, J. (2017). From the Heart: Sex, Money, and the Making of a Gay Community in Senegal”. Gender & Society, 31(2), 245-265. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/44280299. https://doi.org/10.1177/0891243217690715

Foucault, M. (2010). “A ética do cuidado de si como prática de liberdade”. In: M. Foucault. Ditos & escritos V. Ética, sexualidade e política. Forense: Rio de Janeiro.

Foucault, M. (1996). A ordem do discurso. Edições Loyola: São Paulo.

Foucault, M. (1988). História da sexualidade I: A vontade de saber. Graal: Rio de Janeiro.

Fry, P. (1982). Da Hierarquia à Igualdade: A Construção histórica da homossexualidade no Brasil. In: Para Inglês ver. Zahar: Rio de Janeiro.

Green, J. (2000). Além do Carnaval: A homossexualidade masculina no Brasil do século XX. Ed. UNESP: São Paulo.

Hamann, C.; Pizzinato, A. e Rocha, K. B. (2017). Dinâmicas de gênero e sexualidade no sexo tarifado entre homens: uma análise por meio da noção de comunidades de prática. Trends in Psychology, 25(1), 1007-1024. https://doi.org/10.9788/TP2017.3-06Pt.

Hamann, C., Pizzinato, A., Rocha, K. B. e Hennigen, I. (2020). Marcadores de diferença e produção de si na prostituição entre homens. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), 34(1), 68-89. https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2020.34.05.a .

Kaye, K. (2003). Male Prostitution in the twentieth century: Phoodlum homosexuals, and exploited teens. Journal of Homosexuality, 46 (1), 1-71. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/254368240_Male_Prostitution_in_the_Twentieth_Century. https://doi.org/10.1300/J082v46n01_01

Kerr Pontes, A.; L F., Arthur; Gastalho de Bicalho, P P. (2018). Uma história da internação de ébrios, alcoolistas e vadios durante a Primeira República: lições para as políticas atuais? Revista de Psicología (Santiago), 27(2), 127-144. http://dx.doi.org/10.5354/0719-0581.2019.52314.

Mazzieiro, J. (1998). Sexualidade criminalizada: prostituição, lenocínio e outros delitos - São Paulo 1870/1920. Revista Brasileira de História, 18(35), 247-285. https://www.scielo.br/j/rbh/i/1998.v18n35/. https://doi.org/10.1590/S0102-01881998000100012

Miranda, C. E. S. (2013). O erótico no verbo: O espírito da carne e a carne do espírito. Synergies Monde, 10(1), 29-41. https://doi.org/10.1590/S0102-01881998000100012

Oliveira-Soares, G A.; Pizzinato, A. (2022). Precarização e Plataformização do Trabalho: Efeitos Entre Homens Trabalhadores do Sexo pela Internet. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 22(4), 1539-1559. https://doi.org/10.12957/epp.2022.71760.

Ortega, F. (2002). Genealogia da amizade. Iluminuras Ltda: São Paulo.

Perlongher, N. (2008). O negócio do michê. Editora Fundação Perseu Abramo: São Paulo.

Pozzana, L.; Kastrup, V. (2014). “Cartografar é acompanhar processos”. In: Passos, E.; Kastrup, V.; Escóssia, L. (Org.). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Sulina: Porto Alegre.

Rodrigues, N. S. (2015). Problemática da prostituição masculina na Atenas Clássica. Idades e género na literatura e na arte da Grécia antiga. Coimbra/São Paulo, Imprensa da Universidade de Coimbra. 10.14195/978-989-26-1017-7.

Rubin, G. (1993). Thinking sex. Notes for a radical theory of the politics of sexuality. In: Abelove, H.; Barale, M. A.; Halperin, D. M. (Ed.). The lesbian and gay studies reader. Routledge: New York.

Rubin, G. (2017). O tráfico de mulheres: Notas sobre a “economia política” do sexo. Ubu Editora: Recife.

Safatle, V. (2015). Por outros corpos políticos, individuais e coletivos. Revista EPOS, 6(2), 220-224.

Scott, J. (2003). A prostitute’s progress: Male prostitution in scientific discourse. Social Semiotics, 13(2), 179-199. https://doi.org/10.1080/1035033032000152606

Silva, A P.; Blanchette, T. (2005). "Nossa Senhora da help": Sexo, turismo e deslocamento transnacional em Copacabana. Cadernos Pagu, 25(1), 249-280. https://ieg.ufsc.br/public/storage/articles/October2020/Pagu/2005(25)/SilvaBlanchette.pdf. https://doi.org/10.1590/S0104-83332005000200010

Trevisan, J. S. (2000). Devassos no paraíso: A homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. Editora Record: Rio de Janeiro/São Paulo.

Van der Poel, S. (1992). “Professional male prostitution: A neglected phenomenon”. Crime, Law and Social Change, 18(3), 259-275. https://link.springer.com/article/10.1007/BF00138895. https://doi.org/10.1007/BF00138895

Walby, K. (2012). Touching encounters: Sex, work and male-for-male internet escorting. The University of Chicago Press: Chicago. https://doi.org/10.7208/chicago/9780226870076.001.0001

Weeks, J. (1981). Inverts, perverts, and Mary-Annes: Male prostitution and the regulation of homosexuality in England in the ineteenth and early twentieth centuries. In: S. Licata; R. Petersen (orgs). The gay past. A Collection of Historical Essays. Haworth Press: New York. https://doi.org/10.1300/J082v06n01_11

Zelizer, V. (2000). The purchase of intimacy. Law & Social Inquiry, 25(1), 817-48. https://doi.org/10.1111/j.1747-4469.2000.tb00162.x

Downloads

Publicado

2024-06-06

Como Citar

Hamann, C. (2024). Produção discursiva, norma e regulação na prostituição masculina. RELIES: Revista Del Laboratorio Iberoamericano Para El Estudio Sociohistórico De Las Sexualidades, (11), 54–74. https://doi.org/10.46661/relies.10306